Infotrans
  • Ita
  • Eng
  • Esp
  • Por
  • Sobre nós
  • Informações gerais
    • Quem é uma pessoa transgênero?
    • Linguagens
    • Transfobia
    • Mitos e ideias falsas
  • Mapa de serviços
  • Saúde e bem estar
    • Prevenção e saúde transgênero
    • Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)
  • O processo de afirmação de gênero
    • O processo em poucas palavras
    • O papel do psicólogo
    • O papel do psiquiatra
    • Preservação da fertilidade
    • Tratamento hormonal
    • Tratamento cirúrgico
      • Introdução ao tratamento cirúrgico
      • Mamoplastia de aumento
      • Orquiectomia bilateral
      • Vaginoplastia com inversão peniana
      • Vaginoplastia intestinal
      • Masculinização do tórax
      • Histerectomia com anexectomia
      • Faloplastia
      • Feminilização da voz
    • Sexualidade
  • Direitos e proteção da identidade de gênero
    • O direito à retificação de documentos pessoais
    • O procedimento de retificação de gênero na Itália
    • Perguntas frequentes
    • Discriminação e intimidação de pessoas transgênero
    • Resenha legislativa
  • Boas práticas para profissionais
    • Boas práticas para profissionais - Introdução
    • Área Formação
    • Área sociomédica
    • Área Comunicação e informação
    • Área Trabalho
    • Área Sindicato
    • Área Jurídica
    • Área Institucional
  • Carreira "alias" universidade
  • Associações
  • Glossário
Infotrans

Feminilização da voz

A voz, que usamos diariamente para comunicar conceitos e emoções, contribui significativamente para a nossa identidade de gênero.

A altura tonal (ou tonalidade) da voz, aguda ou grave, é dada pela frequência do som, ou seja, pelo número de ciclos de abertura e fechamento das cordas vocais por segundo. A frequência da vibração das cordas vocais depende de seu comprimento, massa e tensão, portanto é possível elevar o tom da voz aumentando a tensão e/ou reduzindo a massa e/ou comprimento das cordas vocais. A voz feminina tem um tom de cerca de 170 a 230 Hz (hertz é a unidade de frequência), enquanto a voz masculina varia de cerca de 90 a 140 Hz. A feminilização da voz pode ser adquirida através da fonoaudiologia, que sempre acompanha  a cirurgia.

Deve-se ressaltar que o texto a seguir foi acordado com as pesquisadoras e os pesquisadores do ISS e, mesmo assim, é uma simplificação inevitável do que é necessário para a feminilização da voz, tendo apenas um propósito informativo. As especificidades do procedimento são explicadas por completo ao paciente pelos especialistas durante a primeira visita e no momento da assinatura dos termos de consentimento livre e esclarecido para a possível cirurgia.

Antes de se submeter a qualquer procedimento cirúrgico, a pessoa em questão deve:

  • identificar um centro clínico especializado em feminilização da voz (Infotrans.it oferece, na seção “Mapa de serviços”, uma lista de centros em todo o país em condições de fornecer esta categoria de serviço)
  • agendar exame médico com um foniatra, otorrinolaringologista e terapeuta da fala para:
    • cuidadosa avaliação foniátrica/otorrinolaringológica e fonoaudiológica
    • exames laringoscópicos e laringoestroboscópicos (exames endoscópicos instrumentais para visualizar o estado das cordas vocais e a vibração da mucosa)
    • exames eletroacústicos da voz (procedimentos para gravar a voz e analisar as características do sinal vocal)
    • avaliação do uso da voz em condições básicas

Em outro lugar e outro momento serão realizadas:

  • entrevista com um psicólogo de modo a avaliar a motivação e a convicção da pessoa que pretende se submeter à cirurgia (nem todos os centros têm um psicólogo residente, portanto uma avaliação externa podaria ser necessária)
  • avaliação anestesiológica pré-operatória (verificar se a anestesia geral é possível)

Em alguns centros existe um tratamento com serviço completo, portanto o contato inicial, antes da avaliação especializada para a voz, pode ser feito com a equipe responsável.

A avaliação do foniatra permitirá entender se é necessário realizar uma reabilitação logopédica antes de se submeter à intervenção e se há indicações para a própria intervenção. Em geral, uma pessoa transgênero com um sexo masculino designado ao nascimento usa um registro falsete (esticando as cordas vocais ao falar), que deve ser abandonado antes da intervenção para mudar o tom da voz.

Em geral, no caso de uso de medicação prescrita por um médico, esta deverá ser discutida com seu especialista. Talvez seja necessário suspendê-la vários dias antes da cirurgia. A terapia medicamentosa pode ser retomada a critério do médico. Por outro lado, não é necessário interromper a terapia hormonal.

Esse tipo de cirurgia não precisa de autorização judicial.

Aproximação cricotireóidea
O procedimento cirúrgico mais comum para elevar o tom da voz é a aproximação cricotireóidea (tireoplastia tipo IV), que também pode incluir a remodelação do pomo-de-adão (uma protuberância no pescoço observada principalmente em pessoas do sexo masculino). A aproximação cricotireóidea eleva o tom da voz aumentando a tensão nas cordas vocais. A cirurgia começa com uma incisão de cerca de 3-4 cm na pele do pescoço. Em seguida, as cartilagens tireoide e cricoide são aproximadas. A cartilagem da tireoide é a estrutura da cartilagem que forma o pomo-de-adão na parte externa do pescoço e contém as cordas vocais. A cartilagem cricoide tem forma de anel e compõe a parte inferior da laringe. As duas cartilagens são unidas, na parte anterior, através da membrana cricotireóidea. Ao aplicar alguns pontos de sutura, as duas cartilagens são aproximadas, resultando em um alongamento das cordas vocais e um aumento do tom da voz. A pele é então suturada com um ponto cosmético (um tipo de sutura que geralmente garante cicatrizes menos visíveis). Se necessário, um pequeno dreno é aplicado (tubo fino que permite o escoamento de líquidos para um pequeno saco), que será removido nos dias seguintes à operação. Por fim, alguns curativos são colocados sobre a sutura. A cirurgia é realizada sob anestesia geral. A duração do procedimento varia conforme as dificuldades cirúrgicas.
Glotoplastia de Wendler
Outra operação usada para elevar o tom da voz é a glotoplastia, que age no comprimento das cordas vocais, reduzindo sua parte vibratória. A cirurgia é realizada utilizando-se uma abordagem endoscópica em microlaringoscopia (isto é, sem cortes externos), inserindo-se um tubo metálico rígido na boca (laringoscópio), o que, com o uso de um microscópio operacional, possibilita a visualização do interior da laringe, portanto, das cordas vocais. A membrana mucosa da parte anterior das cordas vocais é removida, usando microtesoura e elevador periostal ou laser CO₂ e, depois, a porção anterior das cordas vocais antes “descascadas” é suturada. Assim se reduz o comprimento de sua parte vibrante. A glotoplastia é realizada sob anestesia geral. A duração da operação varia conforme a dificuldade cirúrgica.

A hospitalização é de 1-2 noites (variável dependendo do decurso e das necessidades clínicas).

Após a cirurgia de aproximação cricotireoidea (tireoplastia tipo IV), a pessoa deve observar um período de silêncio absoluto de 7-10 dias. Este silêncio é de importância crucial e sua não observância pode comprometer fortemente o resultado. No período pós-operatório da glotoplastia, a pessoa deve falar aos sussurros e evitar tossir, de modo a consolidar a sutura das cordas vocais e evitar ruptura dos pontos, reabsorvidos em cerca de três semanas.
O primeiro exame geral foniátrico/logopédico é programado para 7-10 dias após a operação. Aproximadamente três semanas após a cirurgia, o paciente deve realizar um curso de reabilitação logopédica para otimizar o resultado cirúrgico e harmonizar a “nova voz” no contexto social, laboral e familiar. Um exame geral trimestral também é recomendado, pelo menos no primeiro ano após a cirurgia.

Como todos os atos médicos e cirúrgicos, mesmo que realizados com habilidade e experiência, conforme os padrões e normas científicas atuais, a cirurgia de aproximação cricotireóidea pode envolver riscos de complicações, embora pouco frequentes.
Estes incluem:

  • dores no pescoço no começo do período pós-cirúrgico
  • leve dificuldade para engolir
  • hemorragias, geralmente pequenas, das cordas vocais
  • possível formação de queloide (cicatriz hipertrófica), cicatrizes retráteis e permanentes

As complicações relacionadas à voz incluem:

  • alteração transitória do sinal vocal
  • falha funcional (não alcançar a frequência e qualidade vocal desejada)

No que diz respeito à glotoplastia, a complicação mais importante, se houver, é a ruptura da sutura entre a parte frontal das cordas vocais, que pode ocorrer especialmente se a pessoa não cumprir as regras de comportamento prescritas e as terapias pós-operatórias. Como resultado, a elevação do tom de voz não atinge o resultado esperado e surge disfonia devido à redução da vibração da parte anterior das cordas vocais que foram “descascadas” e a comissura glótica anterior não tem mais um ângulo agudo. Nesses raros casos é feita uma glotoplastia de revisão.

Exames pré-operatórios e pós-cirúrgicos e exames instrumentais são realizados mediante pagamento do tíquete do serviço de saúde, considerando quaisquer isenções. Quando a cirurgia é realizada sob convênio, o paciente não precisa pagá-la, ao contrário do regime de profissão liberal. Em alguns locais, a reabilitação logopédica (antes e depois da cirurgia) é paga pelo paciente.

Infotrans é um projeto financiado pelo Programa Operativo Nacional Inclusão com a contribuição do Fundo Social Europeu 2014-2020

Infotrans

Contactos

Istituto Superiore di Sanità
Viale Regina Elena 299 - 00161 Roma
Número de IVA 03657731000
Código Fiscal 80211730587

E-mail: info@infotrans.it
Site institucional da ISS
ISSalute.it (em italiano)